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O Núcleo de Direito Tributário do Mestrado Profissional da FGV Direito SP encaminhou à Câmara dos Deputados documento sugerindo a inclusão de alíquotas diferenciadas a produtos ligados a gênero e raça, contemplando substitutivo encaminhado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro à Proposta de Emenda à Constituição nº 45 (PEC 45), que trata da reforma tributária e que foi aprovado na noite do dia 6 de julho, com ampla maioria de votos. O documento contou com a assinatura e o apoio de 30 instituições.

“Por incrível que pareça, no substitutivo original havia a previsão de redução de alíquotas para misturas utilizadas pela indústria de bolachas e panificação, mas não para absorventes, item fundamental para a dignidade das mulheres, e aos quais muitas brasileiras não conseguem ter acesso”, explica Tathiane Piscitelli, coordenadora do projeto de pesquisa Tributação e Gênero, do Núcleo de Direito Tributário do Mestrado Profissional da FGV Direito SP.

Luiza Machado, pesquisadora do projeto, ainda destaca que “a cobrança de IVA sobre absorventes e coletores menstruais já foi inclusive declarada inconstitucional pela Suprema Corte da Colômbia, que considerou discriminatória a cobrança de uma alíquota de 5% nesses produtos, visto que a cobrança se daria apenas sobre a metade da população, do sexo feminino, que precisa desses produtos em decorrência de um processo fisiológico e sem equiparação com o sexo masculino.”

Segundo levantamento da Unicef, com dados da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013 a 2018 mais de 4 milhões de meninas entre 10 a 19 anos não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas do Brasil. Além disso, 62% das entrevistadas afirmaram que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar de que gostam por causa da menstruação e 73% sentiram constrangimentos nesses locais.

O texto aprovado na Câmara dos Deputados incluiu produtos de saúde e cuidados pessoais, incluindo absolventes, no chamado regime favorecido, que prevê uma alíquota de impostos 60% menor que a alíquota padrão.

A proposta enviada à Câmara ainda sugeriu alterações no artigo 150 da Constituição, de modo a inserir dispositivo que imponha o dever de se prever, antecipadamente, os impactos de gênero e raça na formulação de políticas tributárias. A determinação acompanha as orientações da OCDE e da ONU sobre o tema.

Acesse as Propostas de alteração ao texto do substitutivo à Proposta de Emenda Constitucional nº 45/2019 do Núcleo de Direito Tributário do Mestrado Profissional da FGV Direito SP.

Acesse aqui para acessar o relatório de pesquisa Reforma Tributária e Desigualdade de Gênero.

Saiba mais sobre o projeto de pesquisa Tributação e Gênero do Núcleo de Direito Tributário do Mestrado Profissional da FGV Direito SP.

Crédito da imagem: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados