A Comissão Arns, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a FGV Direito SP enviaram uma carta aberta aos candidatos à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), pedindo, em caso de o candidato assumir a prefeitura, o compromisso com a população paulistana em situação de rua.
Assinada pela socióloga e professora emérita da USP Maria Victoria Benevides, presidente da Comissão Arns; pelo advogado Oscar Vilhena, professor e diretor da FGV Direito SP; e pelo empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, a carta alerta para a gravidade do quadro de vulnerabilidade de pessoas em situação de rua no município, contingente que cresceu 17 vezes em uma década e, apenas no primeiro semestre de 2024, já aumentou 24%.
As organizações signatárias defendem que, independentemente de quem for eleito, o novo prefeito terá a obrigação institucional de enfrentar esse problema grave e histórico da capital paulista, dando respostas a um contingente humano de mais de 85 mil pessoas, segundo dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Por isso, cobram do futuro prefeito medidas urgentes para evitar que as pessoas entrem em situação de rua, para garantir a dignidade das pessoas que estão sem moradia e para proporcionar possibilidades efetivas para que saiam desse contexto.
“É um tema crucial, não apenas de direitos humanos, mas da própria democracia. Não pode se desenvolver uma cidade, e justamente a cidade já mais desenvolvida e mais rica do país, com pessoas vivendo na rua. Temos que enfrentar o problema como um problema político e de gestão municipal importante. E agora, aproveitando essa eleição, temos que tornar esse um tema público da maior importância. É um tema da democracia”, afirmou Maria Victoria Benevides, presidente da Comissão Arns, durante a assinatura.
O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, convidou as organizações a integrarem um observatório dedicado às pessoas em situação de rua, novo projeto da federação que vai mapear a situação nas cidades onde há maior população em situação de rua e premiar as boas práticas do poder público nesse setor. “A situação dos moradores de rua é inaceitável, não podemos normalizar esse cenário”, avaliou o presidente da Fiesp.
Oscar Vilhena, diretor da FGV Direito SP, destacou a importância da articulação das entidades com a Fiesp. “É um ator que traz mais peso à causa. Certamente pode contribuir, seja na formação das pessoas que estão na rua para que elas readquiram a possibilidade de emprego, ou em alertar a sociedade de que essa é uma responsabilidade de todos nós”.
Leia a Carta aberta aos candidatos à Prefeitura de São Paulo