Em sede internacional, formalizou-se, desde janeiro de 2010, um projeto de pesquisa de amplo espectro denominado Private Transnational Regulatory Regimes . Pretende-se equacionar questões que despontam da identificação de contextos jurídicos em que prevalece a regulação privada (ou, pelo menos, a regulação mista público-privada) e que superam as fronteiras das ordens jurídicas nacionais, notando-se um fluxo de recíproca influência entre os níveis nacionais, regionais e global. A idealização do projeto partiu de um comitê coordenador formado por (i) Fabrizio Cafaggi, professor no European University Institute, em Florença, Itália; (ii) Colin Scott, professor na University College Dublin, em Dublin, Irlanda; e (iii) Linda Senden, professora na Universiteit Utrecht, em Utrecht, Holanda. Para a formalização do projeto, partiu-se da constatação de que a globalização dos mercados criou, para os governos nacionais, problemas referentes ao alcance das suas políticas públicas e a emergência de regimes regulatórios privados transnacionais seria tanto uma resposta para os limites de atuação dos governos nacionais quanto uma de suas causas. Não só: a caracterização de regimes regulatórios privados transnacionais tanto pode, por um lado, implicar na transferência de poder e autoridade dos estados nacionais (de natureza eminentemente pública) para esferas supranacionais (de natureza eminentemente privada), eventualmente afetando a soberania dos estados nacionais, quanto também pode, por outro lado, fazer despontar dúvidas quanto à própria legitimidade e eficácia desses regimes. O estudo das condições e dos problemas próprios da emergência de regimes transnacionais de regulação privada ou público-privada são avaliados com atenção a quatro critérios (efetividade, legitimidade, qualidade e executabilidade dos regimes transnacionais de regulamentação privada) e três domínios (regulamentação do mercado financeiro, direitos fundamentais e proteção ao consumidor).