O Centro de Pesquisa Aplicada em Direito e Justiça Racial da FGV Direito SP colocou no ar o site Mapas da Injustiça, produto do projeto de pesquisa de mesmo nome lançado em 5 de maio em evento na escola. O site oferece visualizações interativas sobre a letalidade policial no Estado de São Paulo, incluindo dados sobre perfil das vítimas, infraestrutura urbana e etapas da investigação e processo judicial.
A pesquisa investigou o papel dos órgãos da Justiça na apuração dessas ocorrências entre 2018 e 2024, com ênfase na responsabilização de agentes de segurança pública e no papel das instituições que compõem esse sistema no Estado de São Paulo. Foram analisados documentos retirados de 859 procedimentos criminais, sobretudo boletins de ocorrência, relatórios e laudos, pareceres do Ministério Público e decisões judiciais.
A principal constatação é que, neste período, nenhum policial foi responsabilizado por abordagem violenta contra a população no Estado de São Paulo. Deste total, em 62% dos casos, as vítimas eram negras. Com o auxílio de ferramentas de inteligência artificial, a equipe foi capaz de analisar mais de 20 mil documentos retirados de inquéritos policiais e processos judiciais relacionados a mortes decorrentes de intervenção policial.
O site Mapas da Injustiça contém uma série de mapas. O primeiro deles, disponível em 3D na homepage do site, foi desenvolvido em articulação com a equipe da empresa Cidades Responsivas, por meio da Plataforma OSPA.place — um ambiente colaborativo de mapeamento e visualização de dados espaciais. O mapa utiliza dados de mortes decorrentes de intervenção policial no Estado de São Paulo extraídos da Secretaria de Segurança Pública, compreendendo o período de janeiro de 2018 a dezembro de 2024. Esses dados foram cruzados com informações do IBGE, tais como indicadores socioeconômicos, infraestrutura urbana e cobertura vegetal.
A partir da base territorial municipal do Estado de São Paulo, o mapa apresenta pontos georreferenciados de mortes decorrentes de intervenção policial por município, filtros interativos por raça/cor, tipo de ocorrência e ano; mapas de calor para análise de concentração espacial.
Os demais mapas produzidos pelo projeto estão disponíveis no menu Dados | Mapas da Injustiça. O primeiro mapa deste menu, Mapa da Distribuição das Mortes por Raça, foi produzido com o uso da plataforma QGIS Cloud, a partir de dados do Ministério Público e do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, com registros compreendidos entre 2018 e 2024, coletados em 2025, e de dados territoriais e demográficos do Censo 2022 do IBGE. Os principais componentes cartográficos desse mapa são: base territorial por municípios e regiões administrativas do Estado de São Paulo; camadas temáticas de distribuição de mortes decorrentes de intervenção policial por raça/cor e situação processual; filtros interativos por categoria racial, tipo de processo e região; e mapa de kernel (calor) para evidenciar municípios com maior concentração de casos.
O segundo mapa disponível no menu Dados, Mapa da Distribuição das Mortes por Situação Processual, também desenvolvido a partir da base do Ministério Público do Estado de São Paulo e do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e com a mesma metodologia de geocodificação, agrega uma nova camada de análise: a interseção entre os casos de mortes decorrentes de intervenção policial e o fluxo processual correspondente. A interface interativa permite, ao clicar em cada ponto do mapa, acessar informações detalhadas como raça/cor da vítima e a situação processual dos inquéritos policiais.
No menu Dados também estão disponíveis um conjunto de dados elaborados pelos pesquisadores e apresentados no relatório Mapas da (In)justiça: transparência institucional e responsabilização sobre a letalidade policial e uma série de mapas temáticos estáticos. O primeiro deles, intitulado Geografia da Letalidade: Mapa de Calor de Mortes Decorrentes de Intervenção Policial, apresenta a distribuição espacial das ocorrências por município — quanto mais intensa a cor amarela, maior a incidência. Esse mapa foi desdobrado em cinco versões, conforme o recorte racial das vítimas, considerando as categorias utilizadas pelo Ministério Público, Tribunal de Justiça e órgãos de políticas públicas: amarela, branca, negra, parda e preta. O segundo conjunto de mapas temáticos apresenta a Geografia dos Processos Judiciais Relacionados a Mortes Decorrentes de Intervenção Policial, organizado a partir da situação processual dos casos.
Saiba mais sobre o projeto Mapas da (In)justiça
Leia mais sobre a pesquisa em Estudo Mapas da (In)Justiça revela que nenhum policial foi responsabilizado por abordagens letais em São Paulo entre 2018 e 2024 em amostra de 859 procedimentos criminais. Em 62% dos casos, as vítimas eram negras | FGV DIREITO SP
Acesse a base de dados da pesquisa Mapas da (In)justiça